Entendendo a Dependência por Comida

Origem da Pesquisa

A discussão sobre a dependência por comida começou nos anos 1980, quando estudos na área de vícios mencionaram o chocolate como um possível vício, revelando pessoas que sentiam um descontrole ao comer chocolate. Ainda nos anos 1930, teóricos da psicanálise já haviam relacionado o comportamento de comer compulsivamente a uma busca de conforto pela boca. Mas foi somente em 1956 que o termo “dependência por comida” realmente entrou nos textos médicos. Desde então, a comparação entre a compulsão por comida e a dependência de substâncias como o álcool ganhou espaço. Entre os anos 1960 e 1970, o termo ganhou popularidade e grupos de apoio semelhantes aos Alcoólicos Anônimos surgiram para pessoas lutando contra esse tipo de compulsão.

Avanços e Desafios

Durante as décadas de 1980 e 1990, a pesquisa tentou entender melhor a Bulimia Nervosa como uma forma de dependência alimentar, mas essa associação mostrou-se mais complexa do que se pensava inicialmente. Estudos também investigaram o “vício em chocolate” como uma categoria diagnóstica separada, mas encontraram inconsistências.

Na década de 2000, descobertas de neuroimagem começaram a fornecer evidências biológicas ligando a obesidade e transtornos por uso de substâncias, mostrando que pessoas com obesidade podem ter deficiências que as levam a buscar mais prazer na comida, especialmente em alimentos muito saborosos (hiper palatáveis).

A Escala de Yale

Foi criada a Escala de Adição à Comida de Yale para explorar a validade do conceito de dependência alimentar, estabelecendo critérios baseados nos usados para a dependência de substâncias. Critérios como aumento da ingestão para manter prazer, presença de tolerância, consumo em quantidades maiores do que o planejado, e persistência do uso apesar dos prejuízos, são alguns dos pontos considerados para o diagnóstico.

Impacto Clínico e Comorbidades

Estudos mostram que a prevalência de diagnóstico de dependência por comida pode chegar a 16,2%. A dependência alimentar está frequentemente associada a comorbidades psiquiátricas como depressão, compulsão alimentar e ansiedade.

No Brasil, um estudo com 7639 participantes identificou uma prevalência de 4,31% para a dependência por comida, destacando a associação com a impulsividade.

Manejo e Tratamento

O tratamento para a dependência por comida ainda está em desenvolvimento, mas foca no manejo da obesidade, transtornos alimentares, condições psiquiátricas associadas e outras comorbidades clínicas. A definição e o manejo dessa condição seguem evoluindo à medida que novas pesquisas trazem mais clareza ao tema.

Esse campo de estudo mostra que a relação entre o comportamento alimentar e a dependência é complexa, exigindo uma abordagem multidisciplinar para seu entendimento e tratamento adequados.

Conclusão

O vício em comida é um assunto complexo e a cada dia temos mais avanços nesse campo da ciência. O importante é buscar ajuda profissional qualificada e observar se a comida está causando problemas na sua vida.

Fonte: Appolinario , Nunes e Córdas (Orgs) Transtornos Alimentares , adignóstico e manejo