Você sabia que existe uma ligação entre TDAH/ Autismo e bioma intestinal?

Um artigo sugeriu que pode haver uma conexão entre o nosso intestino e problemas como TDAH e autismo.

Relevância: Pesquisadores da Universidade da Flórida e algumas universidades na Suécia descobriram uma relação entre o TDAH, autismo e as mudanças no microbioma intestinal durante a infância.

Utilizando 20 anos de dados de mais de 16.000 crianças na Suécia, eles analisaram amostras de sangue do cordão umbilical e fezes para entender os fatores de risco desde cedo. As crianças com problemas de desenvolvimento tinham menos bactérias intestinais boas, o que estava relacionado ao uso de antibióticos para infecções de ouvido. O estudo também apontou alguns fatores ambientais, como o tabagismo dos pais e o estresse infantil, que prejudicam o microbioma.

Pesquisadores ao redor do mundo tinham uma hipótese sobre a relação entre o TDAH, autismo e as bactérias intestinais, e parece que estavam no caminho certo. Os cientistas da Universidade da Flórida e duas universidades suecas descobriram uma conexão. Eles perceberam que as mudanças no microbioma intestinal nos primeiros anos das crianças podem influenciar o desenvolvimento de TDAH e autismo.

Metodologia: Especialistas do Instituto de Ciências Alimentares e Agrícolas da UF junto com as Universidades de Linköping e Örebo na Suécia, conduziram o estudo com dados de 20 anos de mais de 16.000 crianças suecas, do projeto “Todos os Bebês no Sudeste da Suécia” (ABIS). Das crianças estudadas, quase 1.200 – ou seja, 7,28% – desenvolveram algum distúrbio do neurodesenvolvimento.

Os pesquisadores analisaram os primeiros cinco anos de vida das crianças, focando nos fatores que poderiam afetar as bactérias intestinais ligadas ao desenvolvimento do sistema nervoso. Eles coletaram e compararam amostras de sangue do cordão umbilical ao nascer e fezes um ano depois. Além disso, os pais das crianças responderam a questionários sobre a função cognitiva, comportamento social e ambiente das crianças.

Os resultados mostraram que as crianças que receberam diagnósticos de TDAH ou autismo tinham microbiomas intestinais diferentes. Faltavam bactérias como Akkermansia, Bifidobacterium, Ruminococcus e Faecalibacterium. Essas diferenças se mantiveram mesmo quando foram considerados outros fatores como dieta, vulnerabilidade psicossocial e exposições tóxicas.

Outras Descobertas: A ligação com o uso de antibióticos para tratar infecções de ouvido foi surpreendente.

“Nós não estamos dizendo que antibióticos são ruins por si só”, explicou Angelica Ahrens, autora principal do estudo. “Mas talvez o uso excessivo possa prejudicar o microbioma e, em alguns casos, o microbioma não se recupera tão rápido.”

Os dados mostraram que crianças com três ou mais infecções de ouvido que precisaram de penicilina entre o nascimento e os 5 anos tinham quase quatro vezes mais chances de desenvolver distúrbio de fala, 3,27 vezes mais probabilidade de ter TDAH, e 2,44 vezes mais chances de ter deficiência intelectual.

Além disso, crianças com múltiplas infecções entre 1 e 2,5 anos tinham 1,74 vezes mais chances de desenvolver autismo, 1,75 vezes mais chances de TDAH e 2,13 vezes mais chances de deficiência intelectual.

O Que Está Por Trás Dessa Conexão? A resposta pode estar nas amostras de fezes.

Em comparação com crianças que não tiveram múltiplas infecções de ouvido, aquelas com distúrbios de neurodesenvolvimento anos depois tinham mais Citrobacter (bactéria associada à inflamação) e menos Coprococcus (ligada à saúde mental).

Os pesquisadores acreditam que a penicilina pode aumentar o Citrobacter e reduzir Coprococcus.

Eles também consideraram fatores ambientais como pais fumantes e estresse infantil. O estudo mostrou que o tabagismo materno durante a gravidez aumentava a chance de autismo em 3,47 vezes.

“Há um padrão claro de que o aumento de fatores de stress – seja emocional ou de exposição a ambientes ruins para a saúde – pode impactar o sistema imunológico e, subsequentemente, o microbioma,” disse Ahrens.